Leitura: 1 Samuel 2:1-10 e Lucas 1:46-56
O cântico de Ana é uma oração de louvor e gratidão a Deus. Sua história começa em meio à dor da infertilidade, intensificada pela provocação de Penina. Em sua angústia, Ana clama ao Senhor pedindo um filho e promete dedicá- lo a Ele. Deus atende sua oração, e Ana, fiel à sua promessa, entrega Samuel para servir no templo. Seu louvor demonstra sua confiança na soberania divina. Ela menciona “o Senhor” nove vezes, deixando claro que Deus é o centro da sua história. Diante disso, podemos destacar quatro aspectos da oração de Ana, que possuem semelhança com a oração de Maria.
O primeiro deles é a salvação do Senhor. Sua maior alegria não é o filho que recebeu, mas a salvação que vem de Deus. Ana reconhece que sua vitória não veio de sua própria força, mas de Deus. Antes de agradecer pelo filho, ela louva ao Senhor pela salvação. A palavra “salvação” na Bíblia pode significar livramento de inimigos, cura de enfermidades ou, mais importante, a libertação do pecado. A maior bênção que podemos receber não é apenas uma resposta de oração, mas a certeza da salvação em Cristo. Ana e Maria se alegram na salvação do Senhor, e Jesus veio ao mundo para trazer a salvação, não apenas para nos proporcionar uma vida melhor nesta terra.
O segundo aspecto é que Ana declara que não há ninguém como o Senhor. Ela enfatiza três aspectos de Deus: Sua Santidade – Deus é puro e separado de tudo o que é impuro. Sua Unicidade – Ele é o único Deus verdadeiro. Sua Estabilidade – Ele é a Rocha, estável, firme e confiável. Jesus usa essa mesma imagem ao falar sobre o homem sábio que constrói sua casa sobre a rocha (Mateus 7:24). Maria também destaca que Deus é Santo. O terceiro aspecto é que ambas destacam que Deus supre a necessidade dos famintos. Ana e Maria exaltam o Deus que provê para os necessitados e reverte as injustiças. Jesus, no Sermão do Monte, declara que aqueles que têm fome e sede de justiça são bemaventurados, porque serão fartos (Mateus 5:6).
Além disso, Ele mesmo afirma: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim jamais terá fome” (João 6:35). Cristo veio para saciar a fome espiritual da humanidade. O quarto aspecto é o Rei Ungido. Ana menciona o “ungido do Senhor”, uma referência profética ao rei que ainda não existia em Israel. Na época de Ana, Israel não tinha um rei, mas ela profetizava que Deus levantaria um. Esse Ungido de Deus viria para reinar eternamente. Davi não tinha a capacidade de ser esse Ungido perfeito; por isso, o grande Rei é Cristo. Assim como Samuel preparou o caminho para Davi, ele também prefigurou Jesus, que viria para ser nosso Profeta, Sacerdote e Rei. Jesus é o Rei que julgará as nações. Portanto, essas duas mulheres nos mostram que, por meio delas, o Rei perfeito viria. E esse Rei não governaria apenas Israel, mas toda a terra.
Pr. João Antônio Pereira Neto