"ENVELHECER COM SABEDORIA" - SALMO 71

“Não me desampares, ó Deus, agora que estou velho e de cabelos brancos, até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às gerações vindouras o teu poder.” Salmo 71.18

Meu avô Vicente morava em um sítio em Pouso Alto, Minas Gerais. Cresci ouvindo a triste história de como ele e sua família vieram parar em São José dos Campos. Meu pai contava que, quando a plantação de meu avô estava quase pronta para a colheita, um parente soltou o gado nela, destruindo toda a produção. Revoltado com o ocorrido, meu avô foi até esse parente para tirar satisfação, mas, como consequência, foi chamado à delegacia.

Lá, mesmo sendo a vítima da situação, recebeu um soco no estômago de um policial, já que o parente em questão tinha certa influência na cidade. Na época, meu pai tinha cerca de 10 anos e sempre falava da tristeza que tomou conta de meu avô diante da humilhação que ele sofreu. Sentindose derrotado, meu avô decidiu mudarse com a família para Cunha, depois para Guararema, até finalmente chegar em São José dos Campos. Cresci ouvindo histórias como essa e percebia a tristeza e o ressentimento nos olhos de meu pai ao contar esse episódio. No entanto, com o passar dos anos, ao ver meu pai envelhecer na presença de Deus e se aproximar mais d'Ele, tive o privilégio de ouvilo contar a mesma história, mas com uma perspectiva diferente: "Foi a mão de Deus que fez tudo isso acontecer! Se não fosse por tudo isso, estaríamos ainda lá. Hoje, vocês têm uma vida muito melhor aqui, em São José dos Campos!" – dizia meu pai aos 70 anos. Percebi que, quando envelhecemos na presença do Senhor e crescemos na graça e no conhecimento d'Ele, somos capazes de ver a graça e o amor de Deus, mesmo nas situações que antes nos traziam apenas rancor.

Podemos declarar a força de Deus em nossa história, reconhecendo o Seu cuidado e direção. E essa é uma maneira bíblica e maravilhosa de declarar às próximas gerações quem Ele é. O ancião do Salmo 71 reconhece Deus como: refúgio (v.1); resgatador (v.2); ouvidor (v.2); salvador (v.2); rocha habitável (v.3); fortaleza (v.3); esperança (v.5); fiel (v.5); apoio (v.6); forte refúgio (v.7); glorioso (v.8); socorro (v.12); justo (v.15, 19, 24); fazedor (v.15, 19); mestre (v.17); maravilhoso (v.17); inigualável (v.19); soberano (v.20); restaurador (v.20); verdade (v.22); remidor (v.23). Diante desse Deus, o salmista: refugia-se (v.1); espera (v.5); confia (v.5); apoia-se (v.6); louva (v.6, 8, 22); proclama (v.15); anuncia a justiça (v.16, 17); aprende (v.17); declara o poder de Deus à próxima geração (v.18); reconhece a soberania (v.20); exulta (v.23); e reconhece a justiça (v.24). Todos nós, a partir do dia em que nascemos, começamos a envelhecer.

A reflexão que o devemos fazer é: Como temos envelhecido na presença de Deus? Nossas palavras e histórias mostram a força de Deus em nossas vidas? Estamos motivando a próxima geração a seguir o Senhor? Que a nossa oração ao Senhor seja a mesma do Salmo 90.12: “Ensinanos a contar os nossos dias, para que o nosso coração alcance sabedoria.”

Prof. Silvana Francelina Silva