“E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, [...] Voltaram, então, os pastores glorificando e louvando a Deus...” (Lc 2.13, 20)
Como simples trabalhadores do campo entenderiam o nascimento do Rei dos reis? Que mensagem poderia ser tão tocante e clara a ponto de levá-los a deixar a responsabilidade profissional sobre os animais a seu cuidado, e priorizar a busca ao nascimento de “alguém até então desconhecido deles!?”. Somente um Deus tão poderoso quanto sensível poderia imaginar apresentar anjos e um coral celestial para homens que quase nada tinham de religiosidade, e que causariam uma repercussão muito pequena.
Sob os conceitos humanos, a aparição de anjos teria muito valor para os líderes religiosos, gente que conhece as Escrituras e que certamente divulgaria o que fora visto pelos “quatro cantos da terra”, e a divulgação deste grupo traria um grande e imediato retorno. Os valores de Deus são outros, seus pensamentos são mais profundos que os dos homens, os caminhos do Senhor são mais elevados que os dos homens (Is 55.9). Deus em Sua infinita graça e sabedoria providenciou uma aparição de anjos a pastores no campo, e, Ele estava certo, pois surtiu o efeito desejado: Os pastores foram até Belém e acharam tudo conforme o anjo lhes falara, e saíram do encontro com o recém-nascido Jesus, “glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto” (Lc 2.20).
Se analisarmos estes fatos sob a ótica de um investidor humano, seria o seguinte: “Um investimento desta grandeza deveria ser apresentado em frente ao templo em Jerusalém para milhares de peregrinos que, ao retornar às suas cidades, divulgariam o que ouviram e viram. O próprio diabo sugeriu que Jesus fizesse isso na segunda tentação; “Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem...” (Mt 4.5-6).
O espetáculo apresentado ali seria digno dos filmes de Steven Spielberg. Imaginem o Senhor Jesus descendo do pináculo do templo em Jerusalém sob asas de anjos, em frente a uma grande multidão. Isso certamente evitaria a dor e o sofrimento da cruz. Pensem na popularidade do recém-nascido Jesus, se os anjos fizessem esta apresentação num grande centro urbano como Jerusalém, ou Antioquia, ou Éfeso. O efeito certamente seria outro, multidões correriam para a pequena Belém-Efrata, (Mq 5.2), que imediatamente deixaria de ser “pequena demais”, e tomaria proporções ainda maiores do que as maiores ”Os da área de coaching motivacional de hoje diriam a mesma coisa.”
O Todo Poderoso veio morar conosco. Veio viver na realidade limitada da sua criatura de uma forma linda e simples: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel” (Mt 1.23). Assim sendo, Deus estava certo, a melhor coisa a fazer era aparecer para simples pastores no campo e lhes mostrar essa glória. Um céu estrelado e homens que vão encontrar-se com Jesus e saem louvando a Deus.
Pr. Valdemberg Viana