"Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens. Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo. Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado."
Mateus 23.6-12
O Natal costuma ser marcado por euforia, expectativas e sentimentos intensos, especialmente entre as crianças, que aguardam ansiosamente pelas festas e presentes. Entre os adultos, essa expectativa também se manifesta na busca por novidades, oportunidades e promessas de dias melhores. No entanto, essa mesma euforia, quando não encontra satisfação, pode rapidamente se transformar em frustração, indiferença e até desprezo. Esse movimento emocional encontra um forte paralelo na narrativa bíblica de Lucas 23:6-12, no encontro entre Herodes e Jesus. Herodes aguardava Jesus com grande expectativa. Havia muito tempo ouvira falar de Seus feitos e esperava presenciar algum sinal extraordinário. Sua curiosidade não era movida por fé ou arrependimento, mas pelo desejo de espetáculo. Quando Jesus se recusa a atender às suas expectativas e permanece em silêncio, Herodes passa da euforia ao desprezo, zombando e rejeitando aquele que poderia ter sido sua salvação. Essa atitude revela uma verdade profunda: nem toda alegria diante de Jesus é, de fato, salvadora. A Bíblia ensina que a alegria acompanha experiências genuínas com Deus. Há alegria na casa do Senhor, alegria na saciedade espiritual e até alegria no céu quando um pecador se arrepende. Contudo, também existe uma alegria superficial, momentânea, que não resiste às dificuldades, às perseguições e às dores da caminhada cristã. Vivemos em uma época que rejeita o sofrimento e busca apenas experiências positivas, esquecendo que seguir a Cristo envolve cruz, renúncia e perseverança. Ainda assim, a Palavra nos consola ao afirmar que Deus livra o justo de todas as suas aflições. Outro grande perigo evidenciado na atitude de Herodes é a busca espiritual baseada apenas em sinais e benefícios. Muitos se aproximam de Jesus desejando milagres, soluções rápidas e vantagens pessoais, mas não estão dispostos ao discipulado. Os sinais, por si só, não produzem salvação, pois a fé verdadeira repousa no invisível e não no que os olhos naturais podem ver. Diante disso, o Natal nos convida a uma reflexão sincera: estamos buscando Jesus pelo que Ele é ou apenas pelo que Ele pode nos dar? Que neste tempo, marcado por tantas promessas humanas, possamos nos aproximar de Cristo com fé genuína, permitindo que Ele transforme nosso coração. Que façamos o caminho inverso ao de Herodes: do desprezo à verdadeira alegria, da superficialidade à fé salvadora. Esse é o verdadeiro sentido do Natal.
