AS GARANTIAS DE BÊNÇÃO NA COMUNHÃO

“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! [...] Porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”. Sl 133.1, 3


Com uma afirmação que parece soar arrogante e exclusivista, o salmista conclui o Salmo 133. Como alguém pode ter tanta certeza sobre um local onde Deus dá a vida e distribui bênção? Ele está dizendo que existem lugares que não são abençoados e que são de morte? Existem lugares onde não se pode achar a vida eterna?


O Salmo 133, foi escrito, provavelmente, logo após um período de guerra civil que culminou na entronização de Davi como rei por todo Israel. O país agora estava pacificado e unido. À frente, um horizonte de prosperidade aguardava o povo de Deus. Como um suspiro de alívio, esses três versículos do salmo são um agradecimento por uma nação unificada. E sendo um salmo de romagem, se tornou trilha sonora das viagens do povo enquanto caminhavam a Jerusalém para as festas anuais. Cada peregrino, como uma gota de orvalho, ia se juntando nos cruzamentos das estradas, formando um rio que descia para a cadeia de montanhas que cercava Jerusalém, os montes de Sião.


A memória olfativa era estimulada a cada ano, com a menção do óleo aromático usado no templo e ilustrado como descendo sobre a barba de Arão, e caindo na sua roupa. Aquele era o perfume do templo, uma fragrância única, já que somente os sacerdotes tinham permissão de fabricá-lo. Tal cheiro era o gatilho para a doce lembrança dos cultos e dos encontros no santuário.


Para um povo outrora em lados opostos do campo de batalha e pertencentes de regiões diferentes, aquele cheiro mostrava que a guerra tinha acabado. As estradas, antigamente caminhos de atrocidades, agora transportavam hinos de louvor. Aquele óleo na barba era a prova de que Deus reconcilia as mais terríveis diferenças que uma comunidade pode ter. E hoje sabemos que Jesus rompeu as barreiras que nós tínhamos com Deus, e acabou com as batalhas que nós tínhamos uns com os outros. Os eventos da história recente, tinham provocado uma luta armada para decidir qual líder estaria à frente da nação. Mas ali estavam todos participando do mesmo culto. Em Israel, o fator agregador de maior identificação nacional não era o presidente do país, mas o Senhor que libertou o povo. Todos tinham o mesmo Deus. Por isso era “bom e agradável viverem unidos os irmãos”. O Salmo 133 é uma poesia que nos faz lembrar que todos os hinos nacionais são na verdade uma marchinha, porque, para quem é povo de Deus, ser cidadão do Reino é muito mais importante do que as diferenças. O culto no templo era a prova disso.


O tratado de paz assinado com Deus tem o cheiro da comunhão cristã. É impossível receber a bênção do Senhor sem que esse aromatizador marque o ambiente. Por isso Davi é tão taxativo. É ali onde tem esse odor de comunhão! É onde o perfume da união preenche a igreja. É olhando para as vestes de Arão, lavadas com amaciante da Justificação, que a bênção do Senhor é derramada. Pode até parecer arrogante, mas ela é fruto da humilde submissão ao senhorio de Cristo. o nosso único e verdadeiro Rei.


Hoje nós podemos sentir a fragrância na comunhão da igreja. Ela é muito mais do que um ajuntamento! É o frasco que Deus escolheu usar para perfumar a cidade com a sua bênção. Vamos todos participar.


Seminarista Nicholas Fernandes de Araújo