“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Sl.133.1
Numa linda manhã de dezembro de 2022, estou com minha esposa fazendo consulta com o anestesista, preparatório para cirurgia que faria em janeiro de 2023. Ali sorri para ela e comentei sobre minha admiração pelo fato de que assuntos vêm e vão, e sempre ela fala sobre a igreja, no momento muito ferida e dolorida pela polarização, pelos intervalos dados na comunhão entre alguns irmãos. Minha amada ama a igreja. Ama estar com o povo de Deus, ama o movimento de irmãos nos cultos, EBD e reuniões. Isso é alimento para a alma dela. Deus sabe o quanto ela sofreu no tempo da pandemia, dentre outras coisas, por ficar privada de estar junto com a igreja de Deus. Este ajuntamento promovido pelo Espírito de Deus sempre resulta em coisas boas e edificantes para todos.
Comunhão! Como um! Como? Então julgamos interessante pensar a comunhão numa espécie de trilhas do coração. Afinal, comunhão não implica em igualdade de ideias, mas implica necessariamente em ideais comuns. Podemos ter gostos diferentes, aptidões diferentes, dons diferentes, e ver que tudo isso é sublime, mas que tais peculiaridades não devem ofender ou ultrapassar a margem dos ideais da igreja de Jesus Cristo. Discernir este limite é que é a questão crucial; é como ter de perceber uma linha de nylon bem esticada.
Até onde posso ir? Até onde devo ir? Pois bem, quando qualquer divergência ronda a igreja a ponto de ameaçar a sua comunhão, deve-se cada um examinar a si mesmo e assim, só assim, tomar do cálice e comer do pão, ingredientes do sabor da comunhão. Nesse autoexame podemos fazer o exercício que aquela “mulher da dracma perdida” (Lc.15.8-9) fez: primeiro ela percebeu que perdeu algo muito valioso: afinal, ninguém procura aquilo que não faz falta, que não tem valor. Em seguida aquela mulher agiu, ou reagiu, buscando superar os desafios à sua frente na busca do que precisava procurar. Então ela acendeu a candeia, vencendo assim a escuridão, e desta forma pôde enxergar as sujeiras em cada cômodo de sua vida, digo de sua casa. Agora sim, mãos à obra. Ela varreu cuidadosamente toda a sujeira, até que encontrou o que procurava, pois descobrira o que tanto lhe importava. Este “até que” é porque vale a pena, é para não desistir.
Por fim, ela pôde fazer uma festa com todas as vizinhas e amigas, com gente da sua comunhão. Notemos que ela perdeu, dentro de sua casa, objeto de tamanha importância, e isso foi se misturando com a sujeira na escuridão. Assim, só Deus para visitar nosso coração, para nos clarear a vista, e para nos abrir os olhos e lançar luz sobre a nossa própria vida, e nos capacitar a agir e repensar nossas escalas de valores, pesando cada ideia e o ideal, ideal da igreja. Ei! Comunhão é produto imprescindível para a igreja, e não se acha pronta e enlatada nas prateleiras dos mercados, ou seja, ou o Espírito produz em você ou você não tem. E, ao deixar o Espírito Santo produzir, seja prudente para não a perder. E se você perder... Seja sensível para sentir falta e agir, pois comunhão é um eixo que move a igreja. Por fim, lembremos que, para processar comunhão, é preciso perceber o outro.
“O que é mais importante?” perguntou o Panda. - A JORNADA ou o DESTINO? – A COMPANHIA, respondeu o Dragão (O Grande Panda e o Pequeno Dragão – James Norbury). “Porque ali – onde os irmãos vivem – o Senhor ordenou a bênção...” (Sl.133.3).
Boa trilha, boa caminhada! Shalom!
Pr. Maurício Madureira
Igreja Evangélica Tempo de Esperança