“Mas o fruto do Espírito é… domínio próprio.” (Gálatas 5.23) Ao refletirmos sobre o fruto do Espírito, é essencial compreendermos que, diferente das obras humanas, o fruto é algo sobrenatural, que o próprio Espírito Santo opera em nós. Enquanto as obras da carne (natureza pecaminosa) são o que o homem pode produzir por esforço próprio, o fruto é resultado da atuação divina, algo que não podemos gerar por conta própria. Contudo, isso não significa que não devamos buscar esse fruto com diligência, pois somos chamados a buscar a santificação diariamente. Em Gálatas 5:24, Paulo nos lembra que aqueles que pertencem a Cristo devem crucificar as paixões e os desejos da carne. O processo do fruto do Espírito começa com a busca incessante pela santificação. Após a salvação, devemos continuar crescendo em santidade, e esse crescimento é gradual.
Por exemplo, alguém que antes se irritava facilmente, ao ser tocado pelo Espírito, aprende a exercer domínio próprio e longanimidade, controlando sua ira. Quando buscamos ser cheios do Espírito e crescemos em Sua Palavra, o fruto inevitavelmente surge em nossas vidas. O domínio próprio, especificamente, é uma das características do fruto do Espírito. Apesar da palavra “domínio próprio” se parecer com algo que o próprio ser humano produz, esse autocontrole não é algo que conseguimos produzir por nós mesmos, mas é o Espírito Santo quem nos capacita a conter nossos impulsos e desejos. Efésios 5:18 nos ensina que, em vez de nos embriagarmos com vinho, devemos nos encher do Espírito, pois é Ele quem nos guia e nos controla. Vivemos em uma sociedade marcada pela impulsividade e falta de controle.
Exemplos claros disso são os excessos com a alimentação, as compras descontroladas, a falta de pureza nas relações e até o descontrole emocional nos relacionamentos, como nas ira e discórdias. Muitas vezes, justificamos essas atitudes como parte de nossa personalidade, quando na verdade são evidências da falta de domínio próprio, ou seja, da falta da ação do Espírito em nossas vidas. Então, como podemos exercer domínio próprio de maneira excelente? A resposta está em andar no Espírito, como Paulo nos instrui em Gálatas 5:16. Quando cultivamos uma vida no Espírito permitindo que Ele nos controle, o domínio próprio se manifesta. O segredo não está em nosso esforço, mas na entrega contínua ao Espírito, permitindo que Ele nos ensine e nos conduza. Um desafio importante para toda a Igreja é dar nome aos nossos pecados.
Como o salmista diz em Salmo 51:3, “Eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim”. Se conseguirmos identificar onde falhamos, saberemos onde precisamos melhorar. Gálatas 5:24-25 nos coloca diante de uma decisão séria: se somos de Cristo, nossa velha natureza precisa morrer. Não há meio termo. Ou morremos para a carne e seguimos a Cristo, ou continuamos na velha natureza, longe dele. A santificação é uma decisão pessoal e constante. Que possamos, dia após dia, entregar nossas vidas ao controle do Espírito Santo, permitindo que Ele opere o fruto do Espírito em nós, especialmente o domínio próprio, que não se refere ao controle humano sobre si mesmo, mas ao próprio Espírito Santo nos governando e direcionando todas as nossas ações com sabedoria e graça.
Pr. João Antônio Pereira Neto