“Amo o Senhor, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas. Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver”. Sl 126.1-2
Você já deu um mergulho? Alguma vez em sua vida mergulhou, profundamente, numa água refrescante? Lembra-se da sensação?
2020 foi um ano muito difícil para as famílias no mundo inteiro. Para nossa, em particular, foi desafiador. No final de 2019 o Ribeiro, meu marido, havia passado por uma cirurgia muito delicada. E então, em fevereiro de 2020, fomos surpreendidos com o meu diagnóstico de câncer de mama bilateral com metástase na axila direita. Eu lembro de ter me sentido a última pessoa da fila. Você já se sentiu assim? Minha doença estava em estágio avançado, eu faria quimioterapia, radioterapia e a mastectomia. Confesso que eu tinha um único pensamento: “Eu vou morrer”.
Enquanto aguardava o início do meu tratamento, passei a ficar muito tempo isolada no meu quarto e nele eu chorava e orava, continuamente. Minhas orações pareciam um disco riscado. Eu pedia a Deus que não me levasse e, desesperadamente, explicava que tinha duas filhas pequenas, que queria vê-las crescer. Dizia que eu queria assistir ao casamento delas, gostaria de conhecer meus futuros netos e ficava, dia após dia, dizendo para Deus o que Ele deveria fazer com a minha vida. Na verdade, minha oração baseada apenas na minha vontade, não cessava o meu choro e tampouco o medo do futuro.
Naquela época minha irmã Silvana ia em casa todos os dias e com muita paciência escutava meu lamento. Uma tristeza que me consumia e que parecia não ter fim. Até que um dia a Silvana, com sua voz doce e com a sabedoria que vem do alto, olhou-me nos olhos e disse: “Flor (ela me chama assim), você precisa ENTREGAR sua doença, medos e seu futuro a Ele.
Entrega TUDO e descansa no Senhor”.
Eu ouvia o que ela dizia, mas eu tinha medo dessa entrega. E se a vontade d’Ele fosse diferente da minha? Naquela noite ainda chorei muito e continuei com aquela oração de disco riscado.
Mas na manhã seguinte, cansada de tanta opressão, dobrei meus joelhos e fiz a oração mais difícil da minha vida. Eu clamei ao Senhor: “Jesus, neste exato momento, eu te entrego a minha saúde, minha vida, minha família e meus medos. Estou cansada de sofrer. Jesus, eu entrego tudo. Eu aceito aquilo que o Senhor decidir sobre o meu futuro. Cumpra-se em mim a tua vontade. Em nome de Jesus, Amém”.
Meus irmãos, eu mergulhei na Fonte de Água Viva. Que alívio! (Mt 11.28-20). Imediatamente após a minha oração eu senti uma paz tão grande! (Fp 4.7). Não havia mais sofrimento, independente do futuro. Todo o medo deu lugar à esperança e gratidão por eu ser d´Ele e pela certeza de que Ele estava comigo. (Is 41.10). Eu me levantei e, com firmeza no coração, falei para minha família que a partir daquele dia não haveria mais tristeza naquela casa e que independente do futuro, nós iríamos confiar na vontade d´Ele que é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). Enfrentei meu tratamento com o coração grato por cada vitória alcançada. Não foi fácil, mas Deus, maravilhoso, cuidou de cada detalhe.
Eu creio que a escolha de entregar e confiar em Deus naquele momento tão difícil renovou a fé da nossa família em Jesus Cristo. A partir de então percebo nossa família crescendo em santidade, com a graça de Deus. Semana passada, enquanto almoçávamos, minha filha Isabela falou: “mamãe, eu sinto que nossa família se aproximou bem mais de Deus, após a sua doença”. A fala dela transportou-me para 2020 quando, cansada e abatida, dobrei meus joelhos e mergulhei em Jesus.
E você o que está esperando para mergulhar?
Cláudia Ribeiro