QUANDO O PAPAI ACERTA!

“Havia um homem na terra de Uz, [...] Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.” (Jó 1.1, 8)


Feliz “Dia dos Pais” para todos os papais! Muitos pais na Bíblia poderiam ser usados aqui como modelo de pais que acertaram no exercício da paternidade. Reconhecemos que este caminho é duro, às vezes sinuoso e com longas retas, possui curvas acentuadas seguidas e trechos apertados. Algumas decisões os pais não têm com quem compartilhar, a exemplo disso temos: Abraão, quando recebe de Deus a dolorida missão de subir ao Monte Moriá, para lá fazer o mais difícil sacrifício do AT (Gn 22.1-3); o pródigo que se aproxima de seu pai e lhe pede a herança, Como ficou a alma daquele pai, e com quem dividiu esta luta? Para piorar, após uns dias vê este filho caçula arrumarsuas malas e sair de casa. Que dor!


Outro pai modelo para nós é Jó, cuja vida é mais conhecida pela dor experimentada pelas perdas e sua resiliência em face elas, do que pelo exercício da paternidade. Vejamos algumas credenciais da paternidade na vida de Jó.


ELE FOI UMA REFERÊNCIA, o próprio Deus o conceitua (Jó 1.8). O texto bíblico nos indica marcas de seu caráter que se tornaram um caminho a ser seguido. Ele era integro. Ao fazer uma leitura com cuidado dos cap 29 a 31 vamos identificar com muita riqueza esta integridade: Ele fez pacto com os olhos de não olhar com intenções impuras (31.1); ele chora por causa dos necessitados (30.25); ele é justo com seus empregados (31.13,14); fazia regozijar o coração do entristecido (29.13); temia a Deus, e por isso sabia trabalhar perdas e danos (1.20); Jó também foi alguém que se desviou do mal, não brincava com mal;


ELE FOI UM INTERCESSOR DE SEUS FILHOS (Jó 1.5). Jó orava e apresentava sacrifícios em favor de cada um dos filhos. Não havia espaço para preguiça ou negligência na sua paternidade. Seus dez filhos precisavam de oração, e ele orava. A história mostra o valor de pais que dedicam tempo para orar por e com seus filhos. Uma coisa é orar pelo filho, mas aqui fala de orar com o filho. Ao mencionar que ele oferecia um sacrifício individual para cada um deles, cremos que existe um preço a ser pago. É ali que Deus age no caráter deles. Algo notável é Jó orava por eles de madrugada. Era a decisão de sair do conforto de seu leito e de seu sono para fazer algo mais importante.


ELE FOI SIMPLES E PRECAVIDO (Jó 1.5b). O que Jó conhecia de Deus não dava para escrever um livro, ele não era um teólogo, era um temente ao Senhor. Não se tratava de um profeta, mas era alguém que se desviava do mal. Quem lhe falou sobre Deus? Quem foi seu conselheiro em assuntos espirituais? Fato é que ele foi bom aluno e ao aprender, aplica o ensino nos filhos. O que Jó sabia de Deus era suficiente para chamá-los a oração. O temor ao Senhor fica claro quando ele diz: “talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seus corações”. E nos é dito que ele fazia “isso continuamente”.


Jó se torna modelo para nós hoje, porque dentre essas razões acima apontadas, ele pensa no que acontecia no interior do coração dos filhos: “Eles podem ter pecado contra Deus”. E mais grave ainda, podem ter “blasfemado de Deus”. Nem sempre o bagunceiro é o mais tendente ao pecado, nem sempre o mais quieto é o mais fácil de lidar, assim sendo Jó sacrificava por todos. Ele foi sensível e usou de seu dever sacerdotal para orar por seus filhos, não apenas quando as coisas estavam mal, mas continuamente.


Pr. Valdemberg Viana