“Então, o rei, profundamente comovido, subiu à sala que estava por cima da porta e chorou; e, andando dizia: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” (2Sm18.33)
Consegue imaginar o estado da alma de um pai que anda pela casa dizendo frases como esta acima? Tal coisa se repetiu várias vezes, a ponto de uma grande vitória vir a parecer luto para todos. Tais palavras ser repetiam através da boca e das atitudes deste pai, que chora amargamente a morte do filho: “Tendo o rei coberto o rosto, exclamava em alta voz: “Meu filho Absalão, Absalão, meu filho, meu filho” (2Sm 19.4).
A notícia da morte de Absalão foi vista por todos como uma boa notícia, afinal ele “usurpava” o trono de seu pai. Todos encaravam o fato como uma boa notícia: 2Sm 18.9-11; 2Sm 18.14-16; 2Sm 18.25; 18.26; 18.27; 18.31. Num curto espaço de tempo todos viam a morte do jovem Absalão como uma boa nova, menos o pai, que se vestiu de dor e pranto, exclamando o seu luto por onde passava, ao ponto do comandante Joabe o censurar com as seguintes palavras: “Hoje, envergonhastes a face de todos os teus servos, que livraram, hoje, a tua vida, e a vida de teus filhos e filhas, e a vida de tuas mulheres, e de tuas concubinas, amando tu os que te aborrecem e aborrecendo aos que te amam; porque, hoje, dás a entender que nada valem para contigo príncipes e servos; porque entendo, agora, que, se Absalão vivesse e todos nós, hoje, fôssemos mortos, então, estarias contente.” 2Sm 19.5-6.
O que faz um pai ver uma vitória como derrota? O que se passou pela mente de Davi lamentar tanto assim a morte do jovem Absalão? Será que apenas o fato de ser seu filho, ou havia alguma coisa a mais por traz? Quem sabe um sentimento de culpa pela sua omissão no exercício da paternidade.
Fato é que Davi sempre esteve presente nos campos de batalha, era visto como um grande guerreiro, um valioso soldado que era muito amado e que estimulava seus liderados; fato é que Davi se tornou um modelo de rei para todas as nações, mas suas lutas e vitórias fora de casa não se refletiam dentro do palácio. Ele não conseguia o mesmo desempenho dentro de casa. Um grande rei no trono, um pai ausente na mesa; resolvia grandes questões com força e sabedoria, como resolver a questão com Nabal (1Sm 25.5- 6, 32-34); como a derrota que impôs aos amonitas (2Sm 10.4-5); como deixar a arca na casa de Obede-Edom por três meses (2Sm 6.9-10); mas problemas caseiros eram marcados pela sua omissão (2Sm 13.20-22). Havia problema de incesto e ira entre irmãos, mas o rei não se posicionou, não tratou, não disciplinou.
Um homem pode ser muito eficiente na área profissional e falhar como pai dentro de casa, como foi o caso do rei Davi. Um homem pode se destacar como juiz e profeta, mas falhar como pai, como foi com Samuel (1Sm 8.1-3). Ele viu o mesmo problema acontecer na casa do sacerdote Eli com seus filhos, mas não conseguiu andar por outro caminho e cometeu o mesmo erro (1Sm 3.12-13). Outro homem que se destacou no exercício do ofício sacerdotal foi Arão, mas que falhou como pai com seus filhos que traziam “fogo estranho” para o altar de Deus (Nm 3.2-4).
Nesta semana que nos preparamos para comemorar o “Dia dos Pais”, busque ao Senhor e veja como está o exercício da sua paternidade diante dos valores e princípios de Deus. Acerte-se com o Senhor e depois com sua casa: “Ponha em ordem a tua casa” (Is 38.1).
Pr. Valdemberg Viana