SOBRE O REINO DE DEUS

“VENHA O TEU REINO!” (Mt 6.10)


Um homem resolveu pintar as Cataratas do Iguaçu, mas, após várias tentativas, jogou o pincel fora, e totalmente frustrado concluiu que é impossível retratar algo tão grande num simples quadro. A mesma coisa deve ocorrer com atores ao tentar representar Davi, Moisés, Paulo, Jesus... Creio que sejam assim as tentativas de resumir o reino de Deus num estudo só. Mas podemos vê-lo sob um ângulo, o desta oração: “Venha o teu reino” (Mt 6.10)


Para os brasileiros esta palavra “reino” não tem o mesmo sentido para todos, por várias razões: não somos uma nação dirigida por monarquia; temos ideias pequenas sobre reino; resumimos o reino às dimensões da igreja. Mas a verdade é que o reino é sempre maior e mais importante. No início do ministério, o Senhor Jesus põe na sua oração um pedido pelo reino: “Venha o teu reino”. É bom frisar que este é o primeiro pedido da oração, como se afirmando que, no reino, todas as coisas acontecem a partir da oração; assim sendo, a primeira coisa a se buscar deveria ser o reino de Deus (Mt 6.33). Este reino é bastante interessante, pois cresce através do “novo nascimento” (Jo 3.3). Esta é a porta do reino. As condições para ele se estabelecer são: humildade (Mt 5.3); serviço (Mt 25.34); perseverança (Lc 9.62).


Este reino começa na compreensão da graça (Mt 6.44) “tendo achado”. Nossa entrada neste reino se dá pela graça. Não merecemos, não pagamos para entrar, não trabalhamos para isso, foi somente a graça: “tendo achado”. Simplesmente achamos, ou “fomos achados”, como Ele mesmo disse “Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte.” (Jr 29.14). Já ouvimos vários testemunhos de pessoas que não se imaginavam crentes, mas a graça os achou. E os achou quando não procuravam o reino. Muitos vêm a Igreja por um motivo qualquer e acaba alcançado pela graça. Deus cria meios para que as pessoas venham para ser agraciados. Há o exemplo de Saul, que procura jumentas do seu pai e acaba achando o reino (1Sm 9).


No reino de Deus ninguém é melhor e ninguém é pior do que outros, pois todos foram igualmente achados. A condição em que foram achados é que mostra sua situação. Alguns foram achados cegos, coxos, perdidos, enfermos etc. Todos igualmente perdidos, não pelo que faziam, mas pelo que eram, pois alguns nunca fizeram, mas estavam perdidos.


Este reino passa pela compreensão do compromisso (Mt 6.44, 46). Outro aspecto que marca nossa entrada neste reino é uma compreensão de compromisso. Uma vez tendo sido achado, este reino nos muda. Ele não nos torna perfeitos, mas deixa clara marca de alterações que podem se dar de forma rápida ou lentamente, mas sempre se dá. Eu posso não ter feito nada para ser achado, mas uma vez achado e alcançado pela graça, há um despertamento para a ação, há necessidade de um envolvimento.


Jesus nos conta sobre a necessidade deste compromisso quando diz que “todo ramo que, estando em mim, não der fruto ele o corta.” (Jo 15.2). Estou no reino quando houver um sentimento de compromisso que se manifeste em renúncia, que se apresente em mim com mudanças, e investimento que melhore meu testemunho.


Não adianta eu orar “venha o teu reino” se não houver em mim a compreensão da Graça e do Compromisso. Vamos orar “venha o teu reino”, mas de maneira responsável, entendendo que é pela graça, e que este reino exige compromisso de nossa parte.


Pr. Valdemberg Viana